top of page
Logo Streamer Ousado verde Limão e Preto (1)_edited_edited.jpg
  • Foto do escritorMatheus Fernandes

Eleições 2024 no Sul Fluminense: Influência de Lula e Bolsonaro

Eleições 2024 no Sul Fluminense: Influência de Lula e Bolsonaro

À medida que as eleições municipais se aproximam, surge uma indagação crucial no cenário político: qual será o verdadeiro impacto dos apoios potenciais de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro nos candidatos locais? Ao examinar dados recentes e considerar a complexidade do panorama político, é plausível sugerir que as figuras nacionais podem ter menos influência do que se presumia inicialmente.

 

Os resultados das eleições de 2022, onde Lula emergiu vitorioso na corrida presidencial, revelam uma divisão intrigante na região. Dos 15 municípios do Sul Fluminense, Bolsonaro saiu vitorioso em 8 e Lula em 7.


TSE

Dados de votação em porcentagem de Lula e Bolsonaro no segundo turno das eleições gerais de 2022. Fonte: TSE


Uma análise mais aprofundada dos pleitos municipais de 2020 indica que ambos os líderes políticos não se mostraram eficazes como cabo eleitoral. Bolsonaro, do Palácio do Planalto, não conseguiu impulsionar a maioria dos candidatos que endossou, uma situação semelhante à de Lula, que enfrentou resultados mistos em suas incursões eleitorais.


Movimentações dos partidos


Para 2024 os partidos se movimentam: No PT, o senador Humberto Costa (PE) liderou a criação do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE). Em reuniões semanais, os membros do partido começaram a delinear a estratégia eleitoral, com foco nas capitais e em aproximadamente 300 cidades com mais de 100 mil eleitores, onde há a possibilidade de segundo turno, como em Volta Redonda. Nessas localidades, o partido de Lula dialogou com aliados e estabeleceu um esboço inicial, que se espera que seja finalizado nos últimos dias de janeiro. Há uma preocupação em evitar que disputas regionais e locais contaminem a base do governo no Congresso, e Lula está programado para participar diretamente dessas discussões. O presidente antecipou que o ano de 2024 não será fácil economicamente, destacando a necessidade de uma base sólida.


Enquanto isso, o PL está promovendo viagens de Bolsonaro pelo país, muitas vezes com a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ao contrário do PT, o partido do ex-presidente busca representar o maior número possível de candidatos principais, com o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, mencionando a expectativa de lançar 3 mil candidatos.


O que mostra dos dados


Uma pesquisa recente da Futura Inteligência aponta que, em apenas quatro capitais do Brasil, mais de 25% do eleitorado consideraria o apoio de Lula ou Bolsonaro decisivo. Isso pode ser um bom indicativo para compreender a política nas cidades do interior, corroborado por pesquisas internas de partidos que revelam uma grande incerteza na utilização dessa estratégia.


Na região sul fluminense


Dado que a nossa região possui poucos candidatos - ou até mesmo nenhum -, que seria uma estratégia eficaz antagonizar do ponto de vista ideológico – o famoso Lula x Bolsonaro - como principal bandeira de campanha.


Tomemos o exemplo de Volta Redonda: Em um cenário desprovido de uma figura expressiva no campo da esquerda ou mesmo de uma coalizão ampla entre os partidos e a Federação Brasil da Esperança, formada pelo PT, PC do B e PV, resta para apenas dois protagonistas destacarem-se no jogo: Mauro Campos, alinhado à direita, e um hábil adepto da imagem e das temáticas vinculadas ao bolsonarismo e conservadorismo; e Neto, que, apesar de suas conexões passadas com partidos de esquerda, consegue navegar com mais serenidade quando se trata de questões ideológicas, marcando presença em grandes partidos de centro, dos quais fez (e faz) parte por muito tempo.

Nesse contexto, a polarização utilizando as pautas bolsonaristas para Campos revela-se um caminho pouco vantajoso, pois carece de um adversário comum do lado oposto para combater.


Tomemos outro exemplo, Angra dos Reis: ao que tudo indica, Bolsonaro lançará uma candidatura própria, representada por um até então desconhecido empresário Renato Araújo, para concorrer contra o atual governo de Fernando Jordão - que, até então, era aliado de Bolsonaro. Jordão trará como sucessor seu secretário Claudio Ferretti, enquanto outras opções para o eleitor angrense incluem Venissius (ex-braço direito de Jordão) e Zé Augusto, que obteve um bom resultado em sua última candidatura em 2020.


De maneira clara, a polarização requer a identificação de um inimigo comum no lado oposto, alguém que necessita ser combatido para evitar que o mal prevaleça. Podemos pensar nesse fenômeno como um embate entre heróis e vilões, onde cada lado percebe o outro como a encarnação do mal.


É evidente que, nesse contexto de Angra dos Reis, apenas candidatos alinhados à direita se destacam, o que elimina a viabilidade do uso de temas nacionais (como a polarização entre Lula e Bolsonaro) e, sobretudo, ideológicos, como peça central de uma campanha. Esse cenário é particularmente notável em uma cidade que, apesar da vitória de Bolsonaro em eleições passadas, historicamente não é sensível a influências de natureza nacional.


Importa ressaltar que não estou afirmando que Bolsonaro não atrairá votos. Certamente o fará, mas não em quantidade suficiente para uma vitória fácil como se imagina. A experiência das eleições de 2020, onde candidatos abertamente bolsonaristas ou “lulopetistas” não obtiveram êxito baseando-se exclusivamente nessas pautas, reforça a ideia de que os temas locais são cruciais. Os eleitores estão mais inclinados a se preocupar com os problemas de suas ruas, bairros e questões cotidianas, como saúde, segurança e transporte público, fatores que realmente impactam no seu dia a dia.

 

Ao examinar o cenário político local, observa-se que a abordagem de apoio de alcance nacional pode não ser universalmente bem-recebida nas 15 cidades que compõem a região. O histórico político e as pesquisas mais recentes, às quais tive acesso, indicam que a associação com figuras políticas de nível nacional pode, em alguns casos, pode até mesmo afastar votos, em vez de agregá-los.

 

Portanto, o conselho para os futuros candidatos é claro: não confiem exclusivamente na polarização nacional. Faça suas pesquisas, pois a compreensão dos problemas específicos da região são fundamentais. Apostar tudo na influência de Lula ou Bolsonaro pode ser arriscado, e a estratégia deve ser alinhada com uma abordagem cuidadosa e baseada em dados concretos.

 

Em um cenário político cada vez mais complexo, é essencial que os candidatos tenham uma visão clara dos anseios locais e evitem cair na armadilha da polarização excessiva. Afinal, nas eleições municipais, é o "umbigo" do eleitor que importa, e é nele que os candidatos devem concentrar seus esforços.




38 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page